Porquê a liberdade de expressão no Brasil só existe para os canhotos
Por: Bruno Lobo Monteiro

Ao longo de sua tumultuada história, o Brasil tem vivenciado um paradoxo perturbador no que diz respeito à liberdade de expressão. Sob o manto de uma democracia que deveria ser plural, a esquerda brasileira, com sua retórica inflamável, parece ter sequestrado o conceito de liberdade, moldando-o a serviço de seus interesses ideológicos. Este fenômeno, que denomino “democracia seletiva”, revela um viés preocupante: a liberdade de expressão é permitida apenas para aqueles que rezam na cartilha do progressismo.
A origem deste desvirtuamento remonta à ascensão dos ideais socialistas no cenário político nacional. Desde as primeiras incursões comunistas nas décadas de 1920 e 1930, passando pelo regime militar e sua posterior abertura, a esquerda brasileira não apenas sobreviveu, mas prosperou, adaptando-se aos ventos democráticos. Contudo, ao ocupar os espaços acadêmicos, culturais e midiáticos, a esquerda gradualmente instituiu uma hegemonia intelectual, onde divergências são tidas não como expressões saudáveis de um debate plural, mas como heresias a serem expurgadas.
Sob este prisma, a liberdade de expressão torna-se um privilégio, não um direito. Intelectuais, jornalistas e cidadãos que ousam questionar o discurso dominante são rotulados como “fascistas”, “intolerantes” ou “anti-democráticos”. A ironia aqui é patente: aqueles que bradam pela inclusão e pela diversidade de pensamento são os primeiros a sufocar vozes dissidentes. Em nome de um suposto bem maior, o contraditório é censurado, o debate é mutilado e o Brasil, ao invés de uma polifonia democrática, transforma-se em um monólogo ideológico.
Um exemplo emblemático dessa democracia seletiva é o tratamento desigual dado a manifestações políticas. Protestos de esquerda, mesmo quando violentos, são frequentemente romantizados como “lutas populares”, enquanto quaisquer atos semelhantes oriundos de movimentos conservadores são prontamente demonizados e criminalizados. Este duplo padrão não é acidental, mas parte de uma estratégia deliberada para consolidar uma narrativa única, onde a esquerda se coloca como a guardiã da virtude democrática.
Para além do campo político, esta distorção estende-se à esfera cultural. A produção artística e acadêmica, amplamente dominada por intelectuais alinhados à esquerda, reflete uma visão de mundo que marginaliza perspectivas alternativas. As universidades, que deveriam ser templos do debate livre, tornaram-se trincheiras ideológicas, onde o pensamento conservador é combatido com uma ferocidade que beira a intolerância.
Neste contexto, cabe perguntar: é possível resgatar a verdadeira liberdade de expressão no Brasil? A resposta reside na reconstrução de um tecido social que valorize o pluralismo e o contraditório. É imprescindível que conservadores, liberais e todos aqueles que prezam pela verdadeira democracia ocupem espaços de discussão e rompam o monopólio ideológico estabelecido pela esquerda. Afinal, como bem disse o poeta, “a democracia é o governo do debate, e não da imposição”.
A liberdade de expressão não pode ser privilégio de poucos; ela é a essência de qualquer sociedade que se pretenda livre. Portanto, a batalha contra a democracia seletiva é, em última instância, uma batalha pela própria alma do Brasil.
Fortaleza, 17 de Janeiro de 2025