
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou neste sábado (01/02) que a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro, quando supostos manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, não é a solução para pacificar o país. Em entrevista coletiva, Alcolumbre destacou que a medida, defendida por alguns setores políticos como forma de apaziguar os ânimos, poderia enviar um “sinal errado” à sociedade e comprometer o Estado Democrático de Direito.
“Se nós continuarmos trazendo à tona assuntos que trazem a discórdia em vez da concórdia, nós vamos passar nos corredores do Senado Federal e ver senadores de diferentes partidos agredindo uns aos outros. […] Nós não precisamos debater os extremos”, declarou em entrevista à GloboNews. A fala de Alcolumbre ocorre em um momento de intensa polarização política, com setores da oposição defendendo a anistia como uma forma de evitar a criminalização de manifestantes que, segundo eles, teriam sido “manipulados” ou “enganados”.
Alcolumbre também deixou claro que pautar a anistia não faz parte do acordo com o PL e que deixou isso claro em ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A proposta de anistia ganhou força após o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por incitação ao golpe, ter sido perdoado pelo presidente Lula em uma das primeiras medidas de seu governo. O gesto, visto por muitos como uma tentativa de reconciliação nacional, foi criticado por setores que defendem a aplicação rigorosa da lei.
A posição de Alcolumbre reflete a complexidade do debate em torno do tema. Enquanto alguns defendem a anistia como um gesto de “perdão” necessário para superar a divisão política, outros argumentam que a impunidade só serviria para estimular novos atos de violência. Nas redes sociais, a discussão já divide opiniões. Apoiadores da anistia argumentam que muitos manifestantes foram “vítimas de desinformação” e merecem uma segunda chance.
A fala de Alcolumbre também sinaliza uma tentativa de posicionar o Senado como um espaço de equilíbrio e moderação em meio ao acirramento político. O senador, que assumiu a presidência da Casa após um acordo que envolveu PT e PL, tem buscado se apresentar como um mediador capaz de dialogar com diferentes setores. No entanto, sua postura firme contra a anistia pode gerar atritos com aliados e opositores, especialmente em um Congresso marcado por divergências profundas.
Enquanto isso, o STF continua a julgar os envolvidos nos atos do 8 de janeiro, com penas que variam de multas a prisões. A discussão sobre a anistia, no entanto, promete seguir em pauta, especialmente entre parlamentares alinhados ao bolsonarismo e setores mais conservadores. Para Alcolumbre, o caminho para a pacificação do país passa pelo fortalecimento das instituições e pelo respeito à lei. “Não podemos confundir pacificação com impunidade. O Brasil precisa de justiça, não de esquecimento”, concluiu.
A questão agora é saber se o Congresso seguirá o caminho apontado por Alcolumbre ou se a pressão por uma anistia ganhará força nos próximos meses. Enquanto isso, o debate sobre o 8 de janeiro continua a dividir opiniões e a testar os limites da democracia brasileira.