O Tabuleiro Politico

 Vereador Rodrigo Guedes é acusado de envolvimento em esquema de ataques virtuais, o que levou à desarticulação da CPI e acirrou disputas internas na Casa

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) enfrenta uma crise política sem precedentes após denúncias de disseminação de fake news e a retirada de assinaturas que colocam em risco a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Buracos, destinada a investigar a aplicação de recursos públicos em obras de infraestrutura pela Prefeitura de Manaus. A proposta, liderada pelo vereador Rodrigo Guedes (Podemos), alcançou dez das 14 assinaturas necessárias até 4 de julho de 2025, mas a retirada de apoios por parlamentares sob pressão e a circulação de informações falsas sobre o objetivo da CPI intensificaram as tensões no legislativo municipal, expondo a fragilidade da gestão do prefeito David Almeida (Avante) e a influência de interesses políticos locais.

Fake News e a Resistência à CPI

A CPI dos Buracos, que visa apurar supostas irregularidades na execução do programa Asfalta Manaus, gerido pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), enfrenta obstáculos desde sua proposição. Guedes, que já tentou instaurar a mesma investigação em 2023 sem sucesso, denunciou a disseminação de fake news atribuindo à CPI intenções de atacar a administração municipal sem fundamento. “Estão espalhando mentiras para desacreditar a investigação. Queremos transparência, não politicagem”, afirmou o vereador em suas redes sociais. Postagens amplificadas em grupos de WhatsApp e no X alegam, sem provas, que a CPI seria uma manobra da oposição para desgastar Almeida antes das eleições de 2026, uma narrativa que analistas apontam como estratégia para desmobilizar apoio à comissão.

A pressão sobre os vereadores signatários também resultou na retirada de pelo menos duas assinaturas, segundo fontes próximas à CMM. Parlamentares como William Alemão (Cidadania) e Jaildo Oliveira (PCdoB), que inicialmente apoiaram a CPI, recuaram após reuniões com aliados do prefeito, alegando “falta de clareza” nos objetivos da investigação. A prática, comum em contextos de alta polarização, reflete a dependência de vereadores de recursos e apoio político da prefeitura, especialmente em ano pré-eleitoral. “A retirada de assinaturas é um sintoma da política clientelista que domina Manaus”, criticou o cientista político Carlos Santiago, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

O Foco da CPI e a Gestão de David Almeida

A CPI dos Buracos tem como objetivo investigar a aplicação de R$ 181 milhões repassados pelo Governo do Amazonas à Prefeitura de Manaus para o programa Asfalta Manaus, que prometia recapear 2.000 ruas da capital entre 2022 e 2024. Relatórios preliminares apontam que apenas 60% das obras previstas foram concluídas, com denúncias de serviços de baixa qualidade, como asfalto que se deteriora meses após a aplicação. O programa, carro-chefe da gestão Almeida, foi alvo de críticas por moradores, que relatam ruas esburacadas em bairros como Cidade Nova e Compensa, apesar dos vultosos investimentos. Guedes destacou que a CPI busca esclarecer se houve má gestão, superfaturamento ou desvio de recursos, exigindo a apresentação de contratos, notas fiscais e relatórios de execução.

A resistência à CPI reflete o temor de que a investigação exponha fragilidades na administração de David Almeida, aliado de partidos de centro-direita como PL e PP, que buscam consolidar sua base para as eleições de 2026. A gestão do prefeito, embora tenha conquistado apoio com obras de infraestrutura, enfrenta críticas por falta de transparência e por priorizar áreas de maior visibilidade eleitoral em detrimento de bairros periféricos. A articulação do deputado estadual Delegado Péricles (PL), que também propôs uma CPI na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para investigar o mesmo programa, com sete assinaturas até o momento, reforça a pressão sobre Almeida e evidencia a politização do caso.

Fake News e a Crise de Credibilidade

A disseminação de fake news, como alegações infundadas de que a CPI seria financiada por adversários políticos de Almeida, ganhou força em redes sociais e aplicativos de mensagem, dificultando o avanço da investigação. A vereadora Yomara Lins (PRTB), que não assinou a CPI, justificou sua posição alegando que “não há provas concretas de irregularidades” e que a iniciativa seria “um palanque eleitoral”. A ausência de uma estratégia robusta da CMM para combater desinformação, como audiências públicas ou esclarecimentos oficiais, permitiu que narrativas distorcidas dominassem o debate público, minando a confiança na instituição.

A crise também expõe a fragilidade da CMM em lidar com pressões externas. O presidente da Casa, Caio André (Podemos), que se posicionou a favor da transparência, enfrenta dificuldades para unificar a base e garantir as assinaturas necessárias. “A CMM não pode ceder a chantagens ou desinformação. A população merece saber como o dinheiro público está sendo gasto”, declarou André, tentando conter o desgaste. No entanto, a proximidade de alguns vereadores com a prefeitura e a influência de lideranças regionais, como o governador Wilson Lima (União Brasil), limitam a autonomia do legislativo municipal.

Reflexos Políticos e o Futuro da CPI

A crise na CMM reforça a percepção de que a política local em Manaus permanece refém de práticas clientelistas, onde interesses eleitorais e acordos políticos prevalecem sobre a transparência e o interesse público. A dificuldade em reunir as 14 assinaturas necessárias para a CPI dos Buracos, mesmo com apoio de vereadores como Raiff Matos (DC) e Elan Alencar (Cidadania), reflete o peso das negociações de bastidores. Enquanto isso, a população de Manaus, que enfrenta problemas crônicos de infraestrutura, como alagamentos e buracos, cobra respostas concretas.

O caso também tem implicações para o governo petista em nível nacional, que, embora não diretamente envolvido, é criticado por sua aliança com figuras como Almeida, cuja gestão é questionada por ineficiência e falta de accountability. A insistência de partidos aliados do PT, como o PCdoB, em recuar do apoio à CPI reforça a narrativa de que o governo Lula compactua com práticas que priorizam a manutenção do poder em vez da governança responsável. Se a CPI não for instalada, a credibilidade da CMM será ainda mais abalada, consolidando a imagem de um legislativo subserviente aos interesses do executivo municipal.

A batalha pela CPI dos Buracos, marcada por denúncias de fake news e manobras para retirada de assinaturas, expõe a fragilidade democrática de Manaus e a dificuldade de promover investigações independentes em um cenário dominado por interesses políticos. O desfecho do caso dependerá da capacidade de vereadores como Guedes de mobilizar apoio popular e resistir às pressões, mas, por enquanto, a crise na CMM é um lembrete de que a transparência na gestão pública permanece um desafio distante.

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