Sob inflação recorde, escassez econômica e divisão da esquerda, bolivianos votam em um pleito decisivo que pode marcar a derrota histórica do MAS e a ascensão de oposição conservadora.

Neste domingo, 17 de agosto de 2025, os bolivianos comparecem às urnas para escolher seu novo presidente, vice-presidente, 36 senadores e 130 deputados — em uma eleição que pode pôr fim a quase duas décadas de hegemonia do Partido Movimento ao Socialismo (MAS).
A jornada eleitoral ocorre em meio a uma grave crise econômica, com inflação anual atingindo 23 % em junho, aumento da escassez de combustível e de divisas — fatores que corroem o orçamento das famílias bolivianas.
Com o partido MAS fragmentado, sem o ex-presidente Evo Morales, impedido de concorrer, e com o presidente atual Luis Arce retirando-se da disputa, a esquerda entra enfraquecida, dividida entre Andrónico Rodríguez (presidente do Senado) e o ex-ministro Eduardo del Castillo.
Do outro lado, os candidatos de oposição lideram com vantagem: Samuel Doria Medina, empresário moderado, e Jorge “Tuto” Quiroga, ex-presidente, empatam tecnicamente com cerca de 20–22 % das intenções de voto, segundo sondagens.
A incerteza domina: entre votos indecisos, brancos e nulos, inclusive incentivados por Evo Morales como forma de protesto, somam quase 30 % — o que pode alterar fortemente o quadro eleitoral.
Apesar do clima tenso, a votação transcorreu com alta participação e poucos incidentes, e a contagem manual já começou após o fechamento das urnas às 16h (horário local). Os primeiros resultados de boca de urna devem sair após as 21h (horário de Brasília).
Caso nenhum candidato obtenha mais de 40 % dos votos com vantagem de 10 pontos, uma segunda volta está prevista para 19 de outubro. Os futuros mandatários deverão assumir os cargos em 8 de novembro.
A eleição de hoje representa um momento de virada política. A possível vitória da direita sinaliza uma guinada ideológica — afastando a Bolívia de seus tradicionais aliados de esquerda na América Latina por um modelo mais alinhado com os interesses de mercado e relações com o Ocidente.