Por: Bruno Lobo Monteiro
Olavo de Carvalho, com sua mordacidade peculiar, sintetizou em uma frase uma das críticas mais contundentes à esquerda: “Esquerdismo é, por definição, desonestidade intelectual”. Para compreendermos essa afirmação, é imprescindível mergulharmos nas práticas discursivas e nos fundamentos ideológicos que estruturam a mentalidade esquerdista.
A desonestidade intelectual, enquanto conceito, caracteriza-se pela manipulação de fatos, omissão de informações pertinentes e deturpação de argumentos em prol de uma narrativa pré-estabelecida. No universo das ideias, isso se manifesta na utilização de argumentos de autoridade vazios, na rejeição ao debate genuíno e na proclamação de verdades incontestáveis baseadas em premissas falaciosas. Sob essa luz, a esquerda, ao longo de sua trajetória, demonstra uma aptidão singular para empregar tais técnicas.
Historicamente, a esquerda tem construído suas pautas não apenas sobre fundamentos filosóficos ou científicos, mas também sobre apelos emocionais que frequentemente sacrificam a verdade em nome da adesão popular. Exemplos disso abundam, desde a interpretação seletiva de dados econômicos até a distorção do papel da cultura ocidental na história. Em suas mãos, a linguagem torna-se uma ferramenta de dominação simbólica, transformando conceitos como “igualdade” e “justiça” em armas retóricas, enquanto ignoram suas consequências práticas ou contradições internas.
Essa postura, no entanto, não é meramente resultado de um erro ou de uma distração. Ela está intrinsecamente ligada à própria estrutura do pensamento esquerdista, que privilegia a narrativa em detrimento da realidade objetiva. Antonio Gramsci, um dos principais pensadores marxistas, delineou a importância da hegemonia cultural como forma de moldar consciências, evidenciando que a verdade não é um fim em si mesma, mas um instrumento de controle ideológico. Esse pragmatismo ideológico, que confunde meios e fins, está no cerne da desonestidade intelectual que Olavo de Carvalho denuncia.
Por outro lado, não seria justo apontar tal característica como exclusividade da esquerda. Afinal, a desonestidade intelectual é um vício que pode acometer qualquer corrente de pensamento. No entanto, é na esquerda que ela se apresenta como ferramenta institucionalizada, sustentada por um aparato acadêmico e cultural que confere às suas narrativas uma aparência de legitimidade incontestável.
Para combater essa prática, a direita deve adotar uma postura que se contraponha radicalmente à desonestidade intelectual. Isso significa defender um compromisso intransigente com a verdade, ainda que ela seja desconfortável ou contrária às expectativas. Significa também valorizar o debate aberto, o contraditório e a liberdade de pensamento — valores que a esquerda, apesar de proclamar, muitas vezes sabota em prática.
Olavo de Carvalho, ao fazer tal afirmativa, não está lançando uma condenação definitiva, mas um chamado à reflexão. Reconhecer a desonestidade intelectual como traço distintivo da esquerda é apenas o primeiro passo para desmantelar a hegemonia ideológica que ainda sufoca o debate público.
A partir desse reconhecimento, torna-se possível construir uma sociedade onde a busca pela verdade, e não pela narrativa, seja o guia supremo das ideias e a base de uma convivência verdadeiramente plural.
Fortaleza, 03 de Janeiro de 2025