Parlamentar agrediu fisicamente um integrante do MBL dentro da Câmara

Nesta quarta-feira, 9 de abril de 2025, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou, por 13 votos a 5, o parecer do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) que recomenda a cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). A decisão, tomada em uma sessão marcada por protestos e debates acalorados, é mais um capítulo na cruzada da esquerda radical que agora vê um de seus expoentes sob risco de perder o fórum privilegiado. Contudo, o processo ainda depende da votação no plenário da Casa, onde são necessários 257 votos para confirmar a perda do mandato.
O caso teve início em abril de 2024, quando Braga expulsou, com empurrões e chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro das dependências da Câmara. O episódio, registrado em vídeo, ocorreu durante uma manifestação de apoio a motoristas de aplicativo, em meio ao debate do PL 12/24, que regulamenta a profissão. Segundo a representação do Partido Novo, autor do pedido de cassação, Braga não apenas agrediu Costenaro, mas também ameaçou repetir o ato e, posteriormente, confrontou o deputado Kim Kataguiri (União-SP) na Polícia Legislativa. O relator, Paulo Magalhães, justificou o seu voto afirmando que “a violência física e verbal de Braga extrapolou os limites do decoro parlamentar, manchando a dignidade da Casa”.
A sessão de hoje foi um verdadeiro circo. Apoiadores de Braga, incluindo militantes do PSOL e até o ator Marco Nanini, lotaram o plenário com gritos de “Glauber fica” e faixas de apoio, enquanto a oposição celebrava o avanço do processo. O deputado, por sua vez, manteve o tom solicitado, acusando o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de orquestrar uma perseguição política contra ele. “Esse relatório foi encomendado por quem quer calar as vozes que denunciam a corrupção e o orçamento secreto”, bradou Braga, sem apresentar provas concretas. Ele também justificou a agressão como uma defesa da honra de sua mãe, Saudade Braga, ex-prefeita de Nova Friburgo, que teria sido insultada por Costenaro.
Curiosamente, o PT, que costuma sair em defesa dos aliados da esquerda, manteve um silêncio ensurdecedor. Apenas deputados como Chico Alencar (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), companheira de Braga, tentaram reverter o cartaz, argumentando que a proteção é desproporcional. “Cassar Glauber enquanto Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar Marielle Franco, segue com mandato é uma afronta à justiça”, atirou Sâmia, em uma comparação que não convenceu a maioria do conselho. Magalhães, que se absteve no caso Brazão, foi acusado de incoerência, mas rebateu: “Cada caso tem sua gravidade, e aqui as provas contra Braga são inegáveis.”
A oposição, liderada por nomes como Kim Kataguiri e Ricardo Salles (PL-SP), comemorou o resultado como uma vitória contra o que chama de “desordem esquerdista”. “Glauber é um desequilibrado que usa o mandato para agredir e tumultuar. Hoje foi um passo para limpar a Câmara”, declarou Kataguiri, que protagonizou embates com Braga no passado. Nas redes sociais, parlamentares do PL e do União Brasil já projetaram a votação em plenário como um teste de força contra o governo Lula, que, segundo eles, “protegem radicais enquanto ignoram os verdadeiros problemas do país”.
O governo petista, por sua vez, parece querer distância do imbróglio. Lula, que enfrentou pressões por aumento de impostos e críticas ao MST, não comentou o caso, e líderes do PT na Câmara, como José Guimarães, evitaram se posicionar. A tibieza contrasta com o apoio histórico ao PSOL em pautas progressistas, indicando que Braga pode ter se tornado um peso incômodo até para seus aliados de esquerda.
Com o parecer aprovado, Braga tem cinco dias úteis para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se o recurso for rejeitado, o plenário decidirá seu destino, em uma votação que promete reacender a polarização entre esquerda e direita. Enquanto o PSOL clama por “resistência”, a oposição já afia as facas, vendo na possível cassação um troféu político. Para o Brasil real, que assiste ao espetáculo, fica a pergunta: quando até a Câmara será palco de brigas pessoais em vez de soluções para a nação?