Santa Quitéria, o maior município do Ceará em extensão territorial, enfrenta uma crise política que expõe as entradas do poder local. O prefeito reeleito, José Braga Barroso, conhecido como Braguinha, foi preso no dia de sua posse, acusado de ligações promíscuas com uma facção criminosa, acarretando efeitos eleitorais. A Polícia Federal e o Ministério Público do Ceará conduziram as investigações que culminaram na detenção do gestor.
Com a prisão de Braguinha, o comando do Executivo municipal recai sobre seu filho, Joel Barroso, que, em uma manobra política, foi eleito pela terceira vez consecutiva presidente da Câmara Municipal. Tal reeleição contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal de 2021, que veda mais de uma recondução sucessiva ao mesmo cargo nas mesas diretoras das casas legislativas. A legalidade dessa eleição é contestada pelos parlamentares locais, que apontam a irregularidade do terceiro mandato consecutivo de Joel na presidência da Câmara.
A situação em Santa Quitéria é emblemática de como alianças espúrias e estratégias familiares podem comprometer a governança municipal. A população, alijada de uma representação legítima, atende a um cenário em que o interesse público é subjugado por interesses particulares e, eventualmente, crimes. A Justiça Eleitoral e os órgãos de controle têm o dever de agir com rigor para restabelecer a ordem democrática e garantir que os gestores públicos atuem em prol da sociedade, e não de facções ou clãs familiares.
É imperativo que os cidadãos de Santa Quitéria permaneçam vigilantes e cobrem transparência e legalidade de seus representantes. Somente com uma postura ativa da sociedade civil será possível romper com ciclos de poder viciados e garantir uma administração pública comprometida com os reais anseios da população.
