
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou que poderá suspender por até seis meses o mandato de cinco deputados federais que participaram de um motim que interrompeu o funcionamento do Plenário nesta semana. A decisão foi encaminhada à Corregedoria da Casa e, posteriormente, ao Conselho de Ética — caso seja aprovada, os parlamentares perderão salário, gabinete e cota parlamentar.
O episódio teve início com parlamentares de oposição — incluindo deputados do PL, Novo e PT — ocupando a Mesa Diretora da Câmara, colando adesivos na boca, acorrentando-se e mantendo trancas documentadas em vídeos e redes sociais. A reação de Motta foi firme: além de condenar publicamente os excessos, classificou o ato como grave ameaça à institucionalidade da Casa.
Deputados Alvo
- Marcel van Hattem (Novo-RS) — ocupou a cadeira da Presidência da Casa
- Júlia Zanatta (PL-SC) — acusada de colocar o bebê de quatro meses como “escudo” durante a ocupação.
- Marcos Pollon (PL-MS) — apareceu resistindo à retirada do plenário.
- Paulo Bilynskyj (PL-SP) — acusado de agressão a terceiro e ocupação de Comissão de Direitos Humanos.
- Zé Trovão (PL-SC) — denunciado por obstrução física ao presidente Hugo Motta.
- Camila Jara (PT-MS) — proposta incluiu parlamentar do PT, acusada de agressão a Nikolas Ferreira.
Contexto Político e Institucional
O protesto foi motivado por descontentamento com a prisão domiciliar concedida ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF, decisão que mobilizou setores da extrema direita a pressionar por pautas como anistia aos envolvidos em 8 de janeiro e o fim do foro privilegiado. Para Motta, os atos configuraram “motim institucional”, com clara tentativa de subordinar a agenda legislativa à imposição da oposição.
Nas próximas etapas, a Corregedoria terá até 48 horas para analisar as representações — a Mesa Diretora decidirá se os casos seguirão ao Conselho de Ética, onde será avaliado o afastamento cautelar dos deputados.
A decisão final do Conselho de Ética definirá se haverá suspensão, um precedente relevante para os limites da oposição diante das normas regimentais.