O Tabuleiro Politico

Na manhã de 23 de junho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou uma nota em seu perfil oficial no X (@LulaOficial), condenando com veemência os ataques aéreos dos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã, realizados em 20 de junho. A ação militar, batizada de “Operação Escudo de Aço” e coordenada com Israel, foi descrita por Lula como uma “agressão imperialista que viola o direito internacional e desestabiliza o Oriente Médio”. A nota, também enviada à imprensa pelo Palácio do Planalto, não menciona os ataques iranianos contra Israel, que incluíram 400 mísseis balísticos lançados em 16 de junho, nem condena o programa nuclear iraniano, acusado por EUA e Israel de buscar armas nucleares. A omissão foi interpretada por opositores como um apoio implícito ao regime do aiatolá Ali Khamenei, reacendendo acusações de que Lula se alinha a ditaduras e adota uma política externa antiocidental.

A Nota de Lula: Crítica aos EUA e Silêncio sobre o Irã

Na nota publicada às 9h47 no X, Lula escreveu: “O Brasil condena com veemência a agressão militar dos Estados Unidos contra instalações civis no Irã, em conluio com Israel. Essa violação do direito internacional, sem mandato da ONU, ameaça a paz mundial e agrava a crise humanitária no Oriente Médio. Defendemos o diálogo e a soberania dos povos, não a guerra imperialista.” A mensagem reforça a posição do governo Lula de criticar intervenções militares ocidentais, alinhando-se a países como China e Rússia, que também condenaram os ataques (Malay Mail).

A nota não aborda as violações de direitos humanos no Irã, como a repressão a mulheres e minorias, nem o apoio de Teerã a grupos como Hamas e Hezbollah, considerados terroristas por EUA e Israel. A omissão gerou críticas por parte de opositores, que veem a postura de Lula como uma repetição de sua relutância em condenar regimes autoritários, como no caso da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Lula instruiu o Itamaraty a propor uma conferência multilateral na ONU para conter a escalada, mas a ausência de críticas ao Irã limitou a influência brasileira em fóruns internacionais.

Contexto: Ataques dos EUA e a Crise no Oriente Médio

Os ataques americanos, anunciados por Donald Trump em 20 de junho, destruíram instalações nucleares em Natanz, Fordow e Isfahan, em coordenação com Israel, visando neutralizar o programa nuclear iraniano. Trump justificou a ação como uma resposta à “ameaça iminente” de uma bomba nuclear, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou a operação como um “momento histórico” (CNN). O Irã relatou 47 mortos, incluindo cientistas nucleares, e prometeu “retaliação devastadora”, mobilizando aliados como o Hezbollah e os Houthis (New York Times). O fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã elevou o preço do petróleo Brent em 18%, para US$ 105, segundo a Bloomberg.

A escalada começou com ataques israelenses em 13 de junho, que destruíram parte de Natanz e mataram líderes militares iranianos, como Hossein Salami. O Irã respondeu com mísseis contra Tel Aviv, intensificando o conflito. As negociações nucleares, mediadas por Omã, colapsaram em 15 de junho, após o Irã rejeitar exigências americanas de suspender o enriquecimento de urânio. A ação dos EUA, que utilizou bombardeiros B-2 e mísseis Tomahawk, foi planejada após um ataque iraniano a uma base americana na Jordânia, que feriu três soldados.

Reações no Brasil: Polarização e Críticas

A nota de Lula gerou uma onda de críticas nas redes sociais e entre lideranças da oposição. No X, a hashtag #LulaApoiaDitadura trendou na manhã de segunda-feira, com usuários como @PatriotaBR22 acusando o presidente de “se curvar a uma teocracia que oprime mulheres e financia o terrorismo”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou: “Lula condena os EUA e Israel, mas não diz uma palavra sobre o regime iraniano que enforca dissidentes e ataca civis. É o PT abraçando ditaduras, como sempre.” O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou: “Lula escolhe o lado do aiatolá contra a democracia. Vergonha para o Brasil!” (Rio Times).

Líderes evangélicos, uma base influente no Congresso, também criticaram Lula. O pastor Silas Malafaia, em um vídeo no Instagram, disse que “apoiar o Irã é ficar contra Israel, a única democracia do Oriente Médio, e contra os valores cristãos”. A Frente Parlamentar Evangélica, liderada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), anunciou que cobrará explicações do Itamaraty, alegando que a política externa de Lula “prejudica a imagem do Brasil”. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) emitiu uma nota pedindo uma postura “equilibrada” e a condenação do terrorismo iraniano.

A base aliada defendeu Lula. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o presidente “age com responsabilidade” ao priorizar o diálogo e evitar o alinhamento com os EUA. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) publicou no X: “Lula está certo em condenar a guerra imperialista. O Brasil não é capacho dos EUA e defende a paz, não a destruição.” Movimentos de esquerda, como o MST, elogiaram a nota, destacando o “anti-imperialismo” de Lula (Brasil de Fato).

Impacto Político: Lula e a Polarização Externa

A postura de Lula reforça sua imagem como líder do “Sul Global”, desafiando a hegemonia ocidental, mas alimenta acusações de alinhamento com regimes autoritários. Analistas apontam que a nota reflete a estratégia de política externa do terceiro mandato de Lula, que busca fortalecer laços com China, Rússia e países do Brics, como evidenciado em sua reunião com o presidente iraniano Ebrahim Raisi em 2023 (Planalto). “Lula aposta em um discurso anti-imperialista que ressoa com sua base, mas arrisca alienar setores moderados e o agronegócio, que dependem do comércio com o Ocidente”, avaliou a cientista política Creomar de Souza à CNN Brasil.

A crítica implícita a Israel intensifica tensões com a comunidade judaica brasileira e parlamentares pró-Israel, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que acusou Lula de “antissemitismo velado”. O fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã pressiona a economia brasileira, com a Petrobras anunciando um reajuste de 6% na gasolina a partir de 24 de junho, o que pode agravar a impopularidade do governo.

O Futuro: Diplomacia ou Isolamento?

Lula sinalizou que o Brasil buscará liderar esforços diplomáticos na ONU para conter a escalada, propondo uma conferência multilateral. No entanto, a omissão sobre as ações do Irã e o tom antiamericano podem limitar a influência brasileira. A alta do petróleo, decorrente do fechamento do Estreito de Ormuz, já impacta o Brasil, com a inflação projetada para subir 0,8% em julho, segundo o Estadão. A polarização gerada pela nota coloca Lula contra os EUA e Israel, reforçando sua imagem de líder anti-imperialista, mas expondo o Brasil a críticas de apoio a regimes autoritários.

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