
O Movimento dos Sem Terra (MST) voltou a mostrar sua face mais agressiva nas últimas 24 horas, invadindo 11 propriedades rurais entre sábado, 5 de abril, e a noite de domingo, 6, em cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e São Paulo. As ações, parte do chamado “Abril Vermelho” – que marca o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996 –, são um grito de guerra contra o que o movimento considera uma reforma agrária “tímida” do governo Lula. Enquanto o MST aperta o cerco, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, comandado por Paulo Teixeira, promete uma “retomada radical” da política de assentamentos, mas uma resposta tão mais como um aceno populista do PT do que como solução efetiva.
A mais recente invasão ocorreu na Usina São José, em Rio das Pedras (SP), com o MST alegando que a área foi marcada por um crime ambiental de 2014, quando 250 mil peixes morreram. Em Minas Gerais, mais de 600 famílias ocuparam a Fazenda Rancho Grande, às margens da BR-116, em Frei Inocêncio, exigindo sua desapropriação. O movimento justifica as ações como pressão por mais rapidez no assentamento de 100 mil famílias acampadas, uma promessa que o governo petista não consegue cumprir. Em carta divulgada em janeiro, o MST já havia cobrado resultados concretos, acusando o ritmo atual de “aquém do necessário”. Uma resposta do Planalto? Um discurso vazio e uma tentativa de apaziguar sua base radical sem enfrentar os reais problemas do campo.
Paulo Teixeira, em evento no sábado em São Paulo, na manifestação do Assentamento Egídio Brunetto I, afirmou que o governo Lula terminará o mandato com 60 mil famílias assentadas, e a secretária executiva Fernanda Machiavelli reforçou o tom ao declarar que o plano é assentar 29 mil famílias até o fim de 2025 – algo que, segundo ela, não acontece desde 1998. “Estamos falando de uma retomada radical da reforma agrária”, disse, em uma frase que parece mais ensaiada para agradar o MST do que para refletir a realidade. Líderes do movimento, insatisfeitos com o “ritmo baixo” de desapropriações, já pedem a cabeça de Teixeira, que podem ser sacrificados em uma futura reforma ministerial. Enquanto isso, o governo silencia sobre as invasões, numa missão que só reforça a percepção de conivência com o grupo.
A oposição não deixou barato. Parlamentares do PL e da União Brasil acusam o PT de promover o MST como estratégia política para compensar a queda de popularidade de Lula, com destaque em 2025, segundo pesquisas recentes. “O governo protege bandidos que invadem terras produtivas enquanto o agronegócio, que sustenta o PIB, é tratado como vilão”, disparou o deputado Ricardo Salles (PL-SP) em suas redes sociais. Dados do Incra mostram que, no governo Bolsonaro, as invasões caíram para menos de 10 por ano, contra uma média de 246 anuais nos mandatos de Lula entre 2003 e 2010. O contraste é gritante e expõe como o PT transforma o campo em palco de guerra ideológica.
Lula, que em março visitou o acampamento Quilombo Campo Grande (MG) e declarou que “não esquece os amigos”, parece mais interessado em gostar do MST do que em garantir a segurança jurídica ao setor rural. O presidente anunciou a entrega de 12.297 lotes em 138 assentamentos, mas os números não impressionaram diante do passivo de décadas de promessas não cumpridas. A “retomada radical” de Teixeira é mais uma bravata de um governo que prefere o confronto à governança, enquanto o MST, com o aval tácito do Planalto, segue desafiando a lei e a ordem. O Brasil Produtivo, que paga a conta, assiste perplexo a essa aliança entre o PT e o caos.