
Em um pronunciamento televisionado na noite de sábado, 21 de junho de 2025, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agradeceu efusivamente ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelos ataques aéreos americanos contra três instalações nucleares iranianas – Natanz, Fordow e Isfahan. Em uma mensagem gravada em inglês e publicada no X às 22h43 (horário de Brasília), Netanyahu classificou a operação, realizada em coordenação com Israel, como um “momento histórico” que “mudará a história” e fortaleceu a aliança entre os dois países. “O presidente Trump e eu sempre dizemos: ‘Paz através da força’. Primeiro vem a força, depois vem a paz. E esta noite, os Estados Unidos agiram com muita força”, declarou Netanyahu, destacando a “liderança corajosa” de Trump. O ataque, descrito como “Escudo de Aço”, marcou a primeira ação militar direta dos EUA contra o Irã desde a Revolução de 1979 e elevou as tensões no Oriente Médio, com Teerã prometendo retaliação.
O Discurso de Netanyahu: Um Elogio à Força e à Parceria
No vídeo, transmitido pela emissora israelense i24NEWS e compartilhado no X (@netanyahu), Netanyahu celebrou a operação como um “triunfo dos princípios de liberdade, responsabilidade e segurança”. Ele afirmou que os ataques, que destruíram completamente as instalações nucleares iranianas, segundo Trump, representam um “momento decisivo” na luta contra o que chamou de “o regime mais perigoso do mundo”. “A América fez o que nenhum outro país poderia fazer. A história registrará que o presidente Trump agiu para negar ao regime mais perigoso do mundo as armas mais perigosas”, disse Netanyahu. Ele destacou a coordenação “sem precedentes” entre as forças americanas e israelenses, afirmando: “Trabalhamos como uma equipe como talvez nenhuma equipe tenha trabalhado antes, e fomos longe para eliminar essa horrível ameaça a Israel.”
Netanyahu também mencionou que a operação cumpre uma promessa pessoal de 40 anos para neutralizar o programa nuclear iraniano, que ele considera uma ameaça existencial a Israel. “Desde o início da operação ‘Leão Ascendente’, prometi que as instalações nucleares do Irã seriam destruídas, de uma forma ou de outra. Essa promessa foi cumprida”, afirmou, referindo-se à campanha militar israelense iniciada em 13 de junho, que abriu caminho para a ação americana. Ele agradeceu a Trump por sua “decisão ousada” de usar o “poder impressionante e justo” dos EUA, incluindo bombardeiros B-2 stealth e mísseis de cruzeiro Tomahawk, que atingiram alvos estratégicos, como o fortemente fortificado complexo de Fordow.
Contexto dos Ataques: Uma Escalada Planejada
Os ataques americanos, anunciados por Trump em um discurso na Casa Branca às 21h (horário de Washington), visaram as instalações de enriquecimento de urânio em Natanz, Fordow e Isfahan, descritas como o “cerne” do programa nuclear iraniano. Segundo um oficial americano citado pela NBC News, seis bombardeiros B-2 lançaram bombas “bunker-buster” GBU-57, capazes de penetrar alvos subterrâneos, enquanto submarinos da Marinha dispararam 30 mísseis Tomahawk contra Natanz e Isfahan. Trump declarou que as instalações foram “completamente obliteradas”, embora autoridades iranianas, como Hassan Abedini, da estatal IRNA, afirmem que os danos em Fordow foram limitados a túneis de entrada e saída, sem contaminação nuclear.
A operação foi planejada após semanas de escalada, iniciada com ataques israelenses em 13 de junho, que mataram líderes militares iranianos, como o general Hossein Salami, e danificaram Natanz. A decisão de Trump veio após o colapso das negociações nucleares mediadas por Omã, com o Irã rejeitando exigências americanas de abandonar seu programa nuclear. Netanyahu, que pressionou Trump desde fevereiro, durante uma visita à Casa Branca, convenceu-o da necessidade de ação militar ao apresentar inteligência sobre o avanço iraniano rumo a uma arma nuclear. Um oficial israelense disse à TIME que a recusa do Irã em negociar após um prazo de 60 dias dado por Trump foi crucial para a autorização dos ataques.
Reações: Elogios em Israel, Alarme Global
Em Israel, o presidente Isaac Herzog ecoou os elogios de Netanyahu, afirmando no X que os ataques americanos representam “um momento em que os princípios de liberdade, responsabilidade e segurança prevaleceram”. O ministro da Defesa, Israel Katz, destacou que a aliança entre EUA e Israel “nunca esteve tão forte” e parabenizou Trump por “continuar a operação israelense” para garantir que o Irã não obtenha uma arma nuclear.
Internacionalmente, no entanto, a reação foi de alarme. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, classificou os ataques como um “ato criminoso” e uma “violação grave da Carta da ONU”, prometendo que o Irã reserva “todas as opções” para defender sua soberania. A IRNA relatou 47 mortos, incluindo cientistas nucleares, e danos significativos em Natanz, embora Teerã negue contaminação nuclear. A China e a Rússia condenaram a ação, com o presidente Vladimir Putin alertando para um risco de “catástrofe nuclear”. O secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, pedindo contenção.
Nos EUA, a decisão de Trump dividiu opiniões. Republicanos como o senador Lindsey Graham e o presidente da Câmara, Mike Johnson, apoiaram a operação, com Johnson afirmando no X que “Trump mostrou que fala sério”. Democratas, como o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, criticaram a falta de autorização do Congresso, alertando para o risco de uma “guerra desastrosa”. O senador Bernie Sanders chamou os ataques de “inconstitucionais” em um comício em Tulsa.
Impactos e o Futuro: Paz ou Escalada?
Netanyahu, em seu discurso, enfatizou que a operação visa “proteger não apenas Israel, mas o mundo” de um regime que, segundo ele, promove terrorismo e ameaça a estabilidade global. Ele sugeriu que os ataques podem forçar o Irã a retornar à mesa de negociações, ecoando a esperança de Trump de que Teerã “faça a paz” para evitar novos ataques. Trump alertou no Truth Social que qualquer retaliação iraniana será respondida com “força muito maior”, citando alvos adicionais que poderiam ser atingidos “em minutos”.
No entanto, analistas temem que a ação intensifique o conflito. O fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã, por onde passa 20% do petróleo mundial, elevou o preço do barril Brent em 18%, para US$ 105, segundo a Bloomberg. A mobilização de proxies iranianos, como o Hezbollah e os Houthis, aumenta o risco de uma guerra regional. Trita Parsi, do Quincy Institute, alertou à NPR que os ataques podem levar o Irã a abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear e acelerar seu programa nuclear, contrariando o objetivo de Trump e Netanyahu.
Enquanto Israel celebra a operação como uma vitória estratégica, o mundo aguarda a resposta do Irã. A promessa de Netanyahu de continuar a campanha, aliada à retórica beligerante de Trump, sugere que o Oriente Médio está em um ponto de inflexão. Se a “paz através da força” de Netanyahu e Trump levará à estabilidade ou a uma escalada catastrófica, só o tempo dirá.