Por: Bruno Lobo Monteiro

Há na política internacional um jogo de máscaras, onde os atores se revezam entre a eloquência e o silêncio, conforme lhes convém. O presidente Lula, nesse teatro macabro, tem desempenhado o papel de um Hamlet tropical, hesitante quando deveria condenar, mas vocal quando deveria calar. Sua postura diante da guerra entre Israel e Irã — agora com a ingerência direta dos Estados Unidos — não é apenas omissa; é cúmplice, e o que se observa não é simples descaso diplomático, tampouco ingênua imparcialidade. É, na verdade, uma escolha ideológica — deliberada, consciente, quase obscena — de tomar partido, ainda que sob o manto do silêncio, daqueles que, sob a égide do fanatismo religioso e da tirania, fazem do terrorismo uma extensão da política.
Enquanto o Irã, essa encarnação moderna do despotismo teocrático, financia e arma grupos terroristas como o Hamas e o Hezbollah, lançando sobre Israel uma chuva de mísseis e ódio, o líder brasileiro parece mais preocupado em equilibrar-se sobre a corda bamba da neutralidade covarde. Ora, neutralidade diante do terror é conivência. O mesmo homem que não se cansa de bradar contra supostas violações de direitos humanos em outras latitudes fecha os olhos — ou melhor, fecha a boca — quando o assunto é a barbárie patrocinada pelos aiatolás. Nada se ouve do Palácio do Planalto acerca dos crimes do Hamas, da Jihad Islâmica ou dos terroristas iranianos. Nenhuma palavra de repúdio às agressões contra Israel, nenhuma condenação aos atentados suicidas, às chacinas contra judeus, aos sequestros e torturas promovidos pelas milícias islâmicas.
Curioso — ou talvez trágico — que esse mesmo governo que se apressa a condenar Israel ao menor sinal de reação militar, jamais aplica o mesmo rigor verbal contra os que juram riscar aquele país do mapa. A moral lulista, como se vê, é uma régua torta, que mede os atos não pela justiça, mas pela conveniência ideológica.
O Irã não é um Estado como outro qualquer. É uma ditadura que apedreja mulheres, persegue minorias, enforca homossexuais e sonha com a obliteração de Israel. Seu projeto não é de paz, mas de hegemonia islâmica a qualquer custo, ainda que esse custo seja pago com o sangue de inocentes. O Irã não financia apenas guerra — financia terror. Alimenta com dólares e armas organizações que têm como único objetivo a destruição do Ocidente. O Hezbollah, o Hamas, a Jihad Islâmica — todos são tentáculos do regime iraniano, que faz do terrorismo uma política de Estado. Enquanto isso, Israel, apesar de suas imperfeições — e qual democracia não as tem? —, é uma nação que vive sob o constante cerco do fanatismo, defendendo-se não apenas de ataques, mas de uma ideologia que nega seu direito à existência. Israel é uma democracia vibrante. Lá, mulheres votam, trabalham, estudam, ocupam cargos de poder. Lá, judeus, cristãos, árabes, drusos e até muçulmanos vivem sob a égide de uma Constituição que garante direitos civis. Lá, opositores não são enforcados; são eleitos.
Enquanto isso, os vizinhos de Israel — os mesmos que Lula se recusa a condenar — fazem da opressão uma virtude. O Hamas governa Gaza como um cartel mafioso, onde a dissidência é crime e onde crianças são treinadas desde cedo para o martírio suicida. O Irã subjuga seus próprios cidadãos em nome de Alá, enquanto financia a destruição alheia.
Lula, no entanto, parece incapaz — ou não disposto — de enxergar essa diferença abissal. Quando os foguetes iranianos riscam os céus de Tel Aviv, seu silêncio é ensurdecedor. Mas quando Israel responde, em legítima defesa, eis que surge a voz do presidente brasileiro, não para condenar os agressores, mas para lançar impropérios contra a única democracia do Oriente Médio. É uma inversão moral que beira o grotesco. O silêncio de Lula não é mero acaso. É fruto de uma visão de mundo que jamais se libertou dos grilhões ideológicos da Guerra Fria. Aquele velho encantamento juvenil pelos “oprimidos do mundo”, que, na prática, se traduz em apoio a ditaduras, movimentos terroristas e regimes totalitários — desde que ostentem o discurso anticapitalista e antiocidental.
Quando se trata de condenar os Estados Unidos, Israel ou qualquer nação livre, o presidente brasileiro não poupa saliva, nem adjetivos. Mas quando os mísseis partem de Teerã ou Gaza, quando as vítimas são judeus, cristãos ou mulheres que ousam tirar o véu, aí sim, cala-se. E esse silêncio, meus senhores, não é neutralidade — é cumplicidade.
Ora, não se trata aqui de defender uma política externa submissa aos interesses norte-americanos, Como dizem os esquerdistas. Trata-se, sim, de reconhecer o óbvio: há um lado que representa a tirania e outro que, com todos os seus defeitos, ainda se ergue como bastião da liberdade no meio do caos. Se Lula não consegue — ou não quer — distinguir entre esses dois lados, então sua neutralidade não passa de uma máscara para o oportunismo.
Enquanto o Brasil se perde em discursos vazios e alinhamentos dúbios, o mundo assiste ao recrudescimento de uma guerra que pode definir os rumos do século XXI. E o nosso presidente, em vez de se colocar ao lado da civilização contra a barbárie, prefere o conforto do silêncio — quando não, o vergonhoso abraço com os algozes.
Que fique registrado: na hora da escolha, Lula optou pelo lado errado da história. E o pior é que, em seu delírio ideológico, nem sequer percebe. No tribunal implacável da História, os fatos costumam ser mais eloquentes que as narrativas. E quando as cortinas desse teatro macabro se fecharem, restará registrado que, enquanto homens livres erguiam suas vozes contra o terror, Lula preferiu a companhia dos tiranos.
Essa mesma História cobrará seu preço. E aqueles que hoje fingem não ver, amanhã serão obrigados a olhar nos olhos das consequências.
Fortaleza, 23 de Junho de 2025