
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a retórica contra o Irã nesta terça-feira, 17 de junho de 2025, ao afirmar que sabe exatamente onde está o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, chamando-o de “alvo fácil”. Em uma postagem no Truth Social, Trump declarou que os EUA não têm intenção de matar Khamenei “pelo menos por enquanto”, mas alertou que a “paciência está se esgotando” diante dos ataques iranianos contra Israel. A declaração, que coincide com o terceiro dia de intensos confrontos entre Israel e Irã, eleva as tensões no Oriente Médio e reacende debates sobre a postura beligerante de Trump. Enquanto a oposição nos EUA critica o risco de escalada, aliados de Israel elogiam o apoio americano, mas o cenário diplomático permanece incerto, com negociações nucleares canceladas e a ameaça de um conflito mais amplo pairando sobre a região.
A Ameaça de Trump: Um Alvo Fácil, mas Seguro por Ora
Em sua postagem no Truth Social, Trump escreveu: “Sabemos exatamente onde o chamado ‘Líder Supremo’ está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá – não vamos eliminá-lo (matar!), pelo menos por enquanto. Mas não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando.” A declaração veio horas após Trump afirmar que os EUA têm “controle total dos céus sobre o Irã”, sugerindo uma superioridade militar americana na região. Em outra postagem, ele exigiu a “rendição incondicional” de Teerã, intensificando a pressão sobre o regime iraniano.
A ameaça ocorre no contexto de uma escalada militar entre Israel e Irã, iniciada na sexta-feira, 13 de junho, com ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, descritos como “preventivos” para impedir o desenvolvimento de armas nucleares. Desde então, os dois países trocaram ataques com mísseis e drones, com pelo menos 24 israelenses e 75 iranianos mortos, segundo autoridades locais. Trump, que retornou abruptamente do G7 no Canadá para tratar da crise, reuniu-se com sua equipe de segurança nacional na Casa Branca, mas não detalhou possíveis ações militares americanas.
Contexto: Tensões Nucleares e Rejeição de Plano Israelense
A retórica de Trump segue sua decisão de vetar um plano israelense para assassinar Khamenei, conforme revelado por autoridades americanas à Reuters e à CBS News. Na semana passada, Israel informou aos EUA que tinha uma oportunidade de matar o líder supremo, mas Trump, em conversas com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, rejeitou a ideia, argumentando que tal ação poderia inflamar o conflito e desestabilizar a região. Um oficial sênior dos EUA afirmou: “Os iranianos mataram algum americano ainda? Não. Até que isso aconteça, não falamos em atacar a liderança política.”
A decisão reflete a postura ambígua de Trump: enquanto apoia Israel e endossa seus ataques, ele busca evitar um envolvimento direto dos EUA em uma guerra ampla. Trump insistiu que ainda há espaço para uma solução diplomática, sugerindo que “Irã e Israel deveriam fazer um acordo”, comparando a situação a uma suposta mediação entre Índia e Paquistão. No entanto, as negociações nucleares entre EUA e Irã, agendadas para domingo em Omã, foram canceladas devido aos ataques, frustrando esforços para retomar o diálogo sobre o programa nuclear iraniano.
Reações: Polarização nos EUA e Alarme Internacional
As declarações de Trump geraram reações divididas. Nos EUA, aliados republicanos, como o vice-presidente JD Vance, defenderam a postura de Trump, afirmando que ele demonstrou “contenção”, mas mantém o direito de agir contra o programa nuclear iraniano. Por outro lado, parlamentares democratas e republicanos anti-intervencionistas, como Thomas Massie (R-KY) e Ro Khanna (D-CA), apresentaram uma resolução na Câmara para impedir Trump de iniciar hostilidades contra o Irã sem autorização do Congresso, citando a Constituição americana.
No X, a hashtag #TrumpIran ganhou tração, com usuários como @eixopolitico destacando a ameaça de Trump a Khamenei, enquanto @Gu_rebel ironizou a expressão “alvo fácil”, questionando a viabilidade de tal operação. Críticos, incluindo o ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson, alertaram contra o envolvimento americano, com Carlson sendo alvo de Trump, que o chamou de “maluco” por questionar a necessidade de confrontar o Irã.
Internacionalmente, líderes do G7 expressaram preocupação com a escalada. O chanceler alemão Friedrich Merz disse que o grupo está “tentando adivinhar as intenções de Trump”, enquanto o presidente francês Emmanuel Macron alertou que uma mudança de regime no Irã por meios militares seria um “erro grave”. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, acusou Israel de tentar sabotar as negociações nucleares e prometeu que Teerã “lutará até o fim” para proteger seu povo.
Impacto Regional: Escalada e Incerteza
Os ataques mútuos entre Israel e Irã continuam, com Israel atingindo o aeroporto de Mashhad e instalações nucleares em Natanz e Isfahan, enquanto o Irã lançou cerca de 400 mísseis balísticos contra Tel Aviv e Haifa, com 35 penetrando o sistema de defesa Iron Dome. Em Teerã, explosões forçaram a abertura de abrigos em metrôs e mesquitas, mas muitos moradores enfrentam dificuldades para evacuar devido a restrições de combustível. O Pentágono reforçou sua presença na região, enviando mais navios de guerra e caças, mas Trump negou envolvimento direto dos EUA nos ataques israelenses.
A retórica de Trump, embora não indique ação imediata contra Khamenei, sinaliza uma postura agressiva que pode complicar esforços de de-escalada. Analistas do The Guardian apontam que a ameaça pública ao líder supremo é uma tática de pressão, mas arriscada, pois pode unir o regime iraniano e seus aliados, como o Hezbollah e os Houthis, contra os EUA e Israel. A possibilidade de um ataque ao sítio nuclear de Fordow, protegido por fortificações subterrâneas, também preocupa, já que apenas os EUA possuem armas convencionais capazes de destruí-lo.