Sob justificativa de combate aos cartéis de narcotráfico, Casa Branca envia destróieres e mobiliza poder militar próximo à Venezuela; Maduro reage com mobilização de milhões de milicianos.

A Casa Branca, por meio de sua porta-voz Karoline Leavitt, declarou nesta terça-feira (19 de agosto de 2025) que o governo de Donald Trump “está preparado para usar todo o poder americano” (“every element of American power”) contra o regime de Nicolás Maduro, considerado pela administração estadunidense como um cartel narcoterrorista, e não como um governo legítimo.
A ofensiva leva ainda um componente militar explícito: os Estados Unidos enviaram três destróieres equipados com mísseis guiados — os USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson — e mobilizaram cerca de 4 000 militares, incluindo fuzileiros navais, para as águas próximas do litoral venezuelano, além de aviação, submarinos e recursos de inteligência.
Esta mobilização ocorre num cenário em que Trump ampliou para US$ 50 milhões a recompensa para informações que levem à prisão de Maduro, como parte de sua estratégia de combate às redes de narcotráfico que, segundo Washington, infiltram drogas letais como o fentanil em solo americano.
Reação de Maduro
Em resposta, Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos, convocados em todo o território venezuelano para defender a soberania nacional diante da “ameaça imperialista” representada pela ação dos Estados Unidos. Em discurso televisionado, pediu que as milícias permanecessem “preparadas, ativadas e armadas”.
O governo de Caracas, incluindo o ministro da Defesa Vladimir Padrino e líderes chavistas como Diosdado Cabello, classificou as medidas americanas como “absurdas”, imorais e ofensivas à autonomia do país.
Análise e contexto
Esse movimento marca uma das maiores escaladas militares entre os Estados Unidos e a Venezuela nos últimos anos. Trump busca alinhar sua retórica de segurança nacional ao combate ao narcotráfico e à alegada ligação de Maduro com redes criminosas transnacionais. A mobilização militar direta perto da costa venezuelana sinaliza intenção clara de pressão ativa — militar, econômica e simbólica — sobre o regime chavista.
Por sua vez, a resposta de Maduro tenta reforçar a narrativa de resistência democrática e nacionalista, mobilizando a base chavista e alertando sobre os riscos de uma intervenção estrangeira. O risco de um confronto militar direto — ainda que evitado por enquanto — aumenta a tensão geopolítica na região, especialmente em meio a designações de organizações ligadas ao regime como terroristas e sanções que atingem bens e estruturas do Estado venezuelano.