O Tabuleiro Politico

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma série de postagens no Truth Social no domingo (6 de julho de 2025), exigindo que as autoridades brasileiras “deixem o ex-presidente em paz”. Trump classificou as investigações contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” orquestrada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em particular pelo ministro Alexandre de Moraes. A intervenção de Trump, que já havia elogiado Bolsonaro durante seu primeiro mandato, reacende a polarização política no Brasil e expõe as tensões entre a agenda global do PT e os interesses de líderes conservadores, em um momento em que Lula busca consolidar sua liderança na cúpula do BRICS.

O Contexto das Declarações de Trump

As declarações de Trump foram motivadas pela intensificação das investigações contra Bolsonaro, que enfrenta 16 inquéritos no STF, incluindo acusações de tentativa de golpe de Estado, disseminação de fake news, apropriação indevida de joias sauditas e falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19. A inelegibilidade de Bolsonaro até 2030, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por abuso de poder político nas eleições de 2022, também foi citada por Trump como “perseguição judicial”. “Bolsonaro é um líder forte que lutou pelo povo brasileiro. O que estão fazendo com ele é uma vergonha, uma caça às bruxas para silenciar um patriota”, escreveu Trump, ecoando a narrativa de aliados do ex-presidente brasileiro.

A defesa de Trump ocorre em um momento de alta visibilidade internacional para o Brasil, com a cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, onde Lula criticou políticas de austeridade e defendeu a desdolarização. Trump, que já ameaçou impor tarifas de 100% sobre exportações do BRICS caso o bloco avance com uma nova moeda, usou o caso de Bolsonaro para atacar o governo petista, acusando-o de “atacar a liberdade” e “promover uma agenda socialista que prejudica o Brasil”. A postagem, que alcançou milhões de visualizações no Truth Social e foi amplificada no X por apoiadores de Bolsonaro, intensificou o debate sobre a judicialização da política brasileira.

A Reação no Brasil e a Polarização Política

No Brasil, as declarações de Trump foram recebidas com entusiasmo por bolsonaristas, que veem na intervenção um apoio internacional à narrativa de perseguição política. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) agradeceu Trump no X, afirmando que “o mundo está vendo a injustiça contra meu pai”. Já deputados como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP) compartilharam as postagens, reforçando a ideia de que Moraes e o STF agem como “tribunal político” contra o ex-presidente. Por outro lado, aliados de Lula, como o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), minimizaram o impacto, chamando Trump de “irrelevante” e acusando-o de interferir em assuntos internos do Brasil para desviar atenções de suas próprias controvérsias.

O governo Lula, por meio da Secretaria de Comunicação Social (Secom), optou por não comentar diretamente as declarações, mas fontes próximas ao Planalto indicaram que a estratégia é evitar embates diretos com Trump, dado o peso econômico dos EUA como parceiro comercial. A tensão, no entanto, reflete o desafio do PT em equilibrar sua agenda progressista no BRICS com a necessidade de manter relações pragmáticas com potências ocidentais. A crítica de Trump ao STF também reacendeu debates sobre a atuação de Moraes, que suspendeu decretos do IOF em 2025 e é visto por críticos como um “superpoder” que extrapola os limites constitucionais.

Bolsonaro e a Arena Internacional

Bolsonaro, que mantém uma base fiel de apoio no Brasil, com 25% de aprovação segundo a pesquisa Genial/Quaest de junho de 2025, tem buscado apoio internacional para reforçar sua imagem como vítima de perseguição. Sua presença em eventos conservadores nos EUA e na Europa, como a CPAC em 2024, e a proximidade com líderes como Trump e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, mostram uma estratégia para manter relevância política apesar da inelegibilidade. A defesa de Trump, que já havia chamado Bolsonaro de “Trump dos trópicos” em 2019, fortalece essa narrativa, mas também expõe a dificuldade de Bolsonaro em influenciar diretamente o cenário político brasileiro, onde o STF e o TSE mantêm rédeas firmes sobre seus casos.

O caso das joias sauditas, que envolve a tentativa de incorporar presentes avaliados em R$ 16 milhões ao patrimônio pessoal de Bolsonaro, e as investigações sobre a trama golpista de 8 de janeiro de 2023, seguem como os principais entraves legais. A possibilidade de prisão preventiva, levantada em relatórios da Polícia Federal, aumenta a pressão sobre o ex-presidente, que reside em Orlando, EUA, desde o fim de seu mandato. A intervenção de Trump, embora simbólica, pode complicar as relações Brasil-EUA, especialmente em um momento em que Lula busca apoio americano para a desescalada na Caxemira e para projetos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).

Implicações para o Brasil e o BRICS

A defesa de Trump a Bolsonaro ocorre em um contexto delicado para o governo Lula, que enfrenta críticas internas por uma economia em desaceleração, com a produção industrial caindo 0,5% em maio de 2025, e externas, com a cúpula do BRICS marcada por ausências de líderes como Xi Jinping e Vladimir Putin. A narrativa de perseguição política, amplificada por Trump, pode fortalecer a oposição de direita no Brasil, liderada pelo PL, que já pressiona o Congresso contra medidas fiscais do governo, como a taxação de grandes fortunas. Analistas, como o cientista político André Cesar, alertam que a polarização alimentada por intervenções externas pode aprofundar a crise institucional, especialmente com a proximidade das eleições de 2026.

A gestão petista, que tenta projetar o Brasil como líder do Sul Global, enfrenta o desafio de neutralizar o impacto das declarações de Trump sem alienar os EUA, um parceiro crucial para exportações e investimentos. Enquanto Lula defende uma nova moeda no BRICS, a retórica de Trump reforça a percepção de que o governo petista enfrenta resistência tanto interna quanto externa, com a judicialização de Bolsonaro servindo como um ponto de fricção. A resposta do Planalto, que evita confronto direto, sugere uma tentativa de manter o foco na agenda econômica e diplomática, mas o caso expõe a fragilidade de um governo que luta para unificar o país em meio a divisões políticas profundas.

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