
O presidente DonaldTrump segue intransigente e não deu sinais de abertura para negociar o tarifaço de 50 % imposto ao Brasil, aumentando a tensão diplomática entre os países. O governo brasileiro formalizou pedidos de diálogo, mas até o momento não houve resposta à proposta encaminhada em maio de 2025.
Diplomacia na defensiva
Em carta enviada em 16 de maio, o Brasil ofereceu áreas de negociação para evitar o impacto devastador da tarifa, mas até 24 de julho de 2025, Lula declarou que “Trump não quer conversar” sobre o tema. A administração brasileira reforçou que permanece disposta ao diálogo, mas se o diálogo não ocorrer, acionará a Lei de Reciprocidade Comercial, com respostas equivalentes às tarifas americanas.
Tarifas como ferramenta de disputa
A decisão de Trump de aplicar tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto de 2025, foi justificada por ele como resposta ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump denunciou o que chamou de “caça às bruxas” no Brasil e classificou o país de parceiro comercial injusto — narrativa contestada pelo fato de os EUA registrarem superávit comercial frente ao Brasil por anos recentemente.
China ganha terreno como alternativa
Enquanto Trump mantém a postura inflexível, o Brasil tem intensificado sua aproximação com a China, considerada atualmente seu maior parceiro comercial. Especialistas apontam que o tarifaço pode acelerar essa migração diplomática e econômica, enquadrando o conflito como parte de uma batalha maior por hegemonia na América do Sul.
O governo brasileiro anunciou a criação de um gabinete fiscal em Pequim para facilitar investimentos chineses, além de aprofundar acordos em setores estratégicos como agronegócio, energia e infraestrutura, evidenciando um movimento de realinhamento diante da postura econômica dos EUA.
Conflito expande para instituições internacionais
Paralelamente às tarifas, os Estados Unidos abriram uma investigação formal sob a Seção 301 da lei de comércio de 1974 contra supostas práticas brasileiras que prejudicariam empresas americanas em áreas como pagamentos digitais e etanol. O Brasil ainda não respondeu oficialmente a essa investigação, mesmo após representação diplomática brasileira.
Impacto econômico e político
O setor exportador brasileiro, especialmente Embraer, sinaliza risco sério para contratos com os EUA, com estimativas de até US$ 9 milhões a mais por aeronave vendida, enquanto outros setores como agronegócio e bebidas já enfrentam cancelamentos e perdas de competitividade no mercado americano.
A pressão diplomática fortalece o discurso do presidente Lula como defensor da soberania brasileira, ampliando seu apoio interno — inclusive em segmentos conservadores insatisfeitos com Bolsonaro e sua ligação com Trump.