Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e ex-deputado estadual é apontado como mentor da morte de vereadora em 2018
A delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 2018, aponta o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão como o mandante do crime.
Segundo Lessa, Brazão teria encomendado o assassinato de Marielle por conta de sua atuação política, que incomodava o ex-conselheiro. Marielle era uma crítica ferrenha do envolvimento de milicianos com o poder público, e Brazão era suspeito de ter ligações com grupos paramilitares.
Lessa afirmou que Brazão não conhecia pessoalmente Marielle, mas que havia sido informado por um intermediário, o ex-policial reformado Adriano da Nóbrega, que ela era uma ameaça. Adriano da Nóbrega também é suspeito de envolvimento com milícias, e foi morto em uma operação policial em 2020.
A delação de Lessa ainda não foi homologada pela Justiça, mas já foi enviada ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O MPRJ informou que irá analisar o conteúdo da delação e, se for confirmado o envolvimento de Brazão no crime, irá tomar as medidas cabíveis.
Brazão, que atualmente está preso por outros crimes, negou as acusações. Em nota, ele afirmou que é “vítima de uma armação” e que “nunca teve qualquer envolvimento com o crime”.
O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes é um dos casos mais emblemáticos de violência política no Brasil. O crime provocou uma onda de indignação no país e levou à criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, que investigou o envolvimento de grupos paramilitares com o poder público no Rio de Janeiro.
A CPI concluiu que Marielle foi morta por conta de sua atuação política, mas não conseguiu identificar o mandante do crime. A delação de Lessa pode ser um passo importante para a elucidação do caso.